quinta-feira, 8 de março de 2012

Um dia a Caixa vem abaixo




Quando um administrador do Banco do Estado que foi reconduzido ainda apenas há apenas seis meses dali sai e vai trabalhar para a concorrência, como fez Santos Ferreira e Armando Vara, é legítimo que se levantem interrogações, ou serei só eu que estou a ver mal a coisa?



Eu sei, reconheço que o meu feitio não ajuda, mas também como é que podia ter bom feitio se passam a vida a gozar com a minha cara, com a minha e com a vossa, mas por isso mesmo precato-me para tiradas mais manhosas da minha parte. Tirei-me de cuidados, nunca fiando a 100% na memória que na minha idade até pode atraiçoar-me e fui confirmar.



Jorge Tomé o administrador da Caixa Geral de Depósitos responsável pela compra recentemente concluída de 70% da Banif CVC sai da Caixa e vai trabalhar para onde? Para o banco com quem fez o negócio, o Banif! Como Presidente da Comissão Executiva.



Não, não sou eu que ponho em causa a bondade do negócio, são eles que se põem a jeito ou então fazem de nós parvos.



O que ressalta também no meio disto tudo é que a Caixa já teve melhores dias, não vai há muito que se mordiam uns aos outros por um lugar no Conselho de Administração, agora ainda apenas decorridos 6 meses da nomeação daquele Conselho são já dois os que partiram, pior mesmo é quando vão directamente para a concorrência. Longe vão os tempos em que o segredo era a alma do negócio. Fica-se mesmo com a impressão de que toda a gente ali vai precisamente para se pôr a par do negócio, ganhar nome na praça e depois ala que se faz tarde.



Esta história trouxe-me à memória um outro administrador da Caixa, Júlio Rodrigues, já falecido, mas daqueles da casa, subiu a pulso, sem trampolim nem vara, que vestia mesmo a camisola, que entra pela sala de reuniões adentro, vermelho de raiva, sem conseguir articular palavra, “calma doutor", lá lhe fui recomendando, "mas diga lá o que se passa", "traição Adriano, traição", era o que lhe saía da boca, mas da alma saía muito. Tavares Moreira, outro espertalhaço da laia de Oliveira e Costa e Dias Loureiro, tinha saído do Conselho de Administração da Caixa há apenas dois dias para Secretário de Estado do governo de Cavaco Silva e apressara-se a tomar algumas medidas que lesavam fortemente a empresa, sem qualquer aviso prévio, sabia como e onde a atingir.



A Caixa sobreviveu, Tavares Moreira acabou por ser inibido de exercer de funções de administração em instituições de crédito por um período de sete anos e uma coima de 180 mil euros por gestão danosa no Central Banco de Investimento, tal a propensão desta gente para as "negociatas", pena Júlio Rodrigues já não assistir.



Agora são outros os actores, a Caixa está encalacrada no BPN, em França e em Espanha, a juntar a isso vai ser espoliada da componente seguradora. Sobreviverá?



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