Uma das maneiras pelas quais
podemos conhecer as pessoas é pela verificação das razões pelas quais se
indignam. E sobre o que vamos discorrer, muito pouca gente se indignou e poucos
tiveram expressão na Comunicação Social
O palco foi a Universidade Católica,
em Lisboa, corria o dia 4 de Setembro e o evento, a primeira conferência
dedicada ao novo Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN). O licenciado
em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1980 (agora convém acrescentar
estas informações), Dr. Aguiar Branco (AB), que ocupa o cargo de Ministro da
Defesa Nacional (MDN), entendeu estar presente e botar discurso.
Já no período de debate,[1][1] Sua Exª embalado por
súbitos frémitos de densidade estratégica insuspeitada, veio defender “uma
política de defesa conjunta com Espanha”; questionou “se faz sentido
Portugal trabalhar de uma forma diferente do que fez historicamente com Espanha”;
defende a “edificação de capacidades militares”; e que “não podemos
ter a ilusão de que, sozinhos, vamos ter força para poder ser actores de
segurança, já não secundários mas irrelevantes, como é exigível em termos de
defesa nacional”.
E ainda perguntou: “Há
uma cultura suficientemente forte de partilha interna e com países vizinhos,
neste caso a Espanha, para se poder edificar despreconceituosamente e
descomplexadamente aquilo que é fundamental para sermos produtores de
segurança?” Perceberam?
Pelo meio umas
vacuidades inconsistentes que, provavelmente, nem o próprio terá entendido o
que disse.
Confesso que já há muito
tempo que não lia tão sortido (e perigoso) conjunto de disparates.
Tal justifica a
interrogação do título e espoleta, desde já, uma proposta para que a AR legisle
no sentido de tornar obrigatório um exame médico e psicológico aturado, a todo
o candidato a cargos políticos, sem o que nenhum deles poderia concorrer, muito
menos tomar posse. Exame que se repetiria anualmente.[1][2]
O licenciado AB
demonstra com as suas “propostas”, a maior ignorância sobre História,
Geopolítica, Geoestratégia, Relações Internacionais, etc., nem tem a menor
ideia do que representa um “Exército”.
Já era tempo dos
responsáveis políticos deixarem de indigitar para cargos importantes (e o PR
aceitar), pessoas impreparadas para os exercerem. Trata-se de uma indignidade
social e profissional.
Ora se AB não está
preparado para a função – e isso percebeu-se logo, desde o início – bem poderia
ter o cuidado de escolher assessores capazes para o acolitarem; ouvir muito e
falar pouco e dar, apenas, passos para os quais tenha pé.
Mas não, pelos vistos
apanha umas coisas no ar, dá-se conta que na Bélgica ou na Dinamarca (países,
aliás, muito parecidos com o nosso), puseram em execução uma ideia qualquer,
arranja um adjunto que lhe explica umas siglas em inglês, polvilha tudo com um
bocado de imaginação (democrática) e desata a c…. postas!
Julga V. Exª que o estou a
desrespeitar? Engano seu, quem se
sente agredido sou eu, que jurei bandeira há muitos anos (saberá o que é isso?)
e sou oficial do quadro permanente, para agora um militante partidário arvorado
em Ministro da Defesa, vir bacorar, insinuando que a Instituição onde servi 27
anos tem que se misturar com a espanhola!
Quem quer ser respeitado
tem que se dar ao respeito e não me venha dizer que a sua opinião é
respeitável, pois essa de que todos temos que respeitar as opiniões de todos é
uma treta do “estupidamente correcto”. E no seu caso é pior, pois tendo um
acaso infeliz do destino, feito de si ministro, algumas das opiniões podem não
só não ser respeitáveis, como intoleráveis!
Ora diga-me, o senhor é
iberista? Quer juntar-se ao seu adversário Mário
Lino, quando afirmou na Galiza, em espanholês, e na sua qualidade de ministro,
que o governo português prosseguia uma política iberista?[1][3]
Já lhe deixou de ecoar nos tímpanos o grito alarve dessa
fraude política chamado Sócrates de “Espanha, Espanha, Espanha”?
Terá sido por estas
eventuais ideias, que escolheu um reconhecido membro do “GOL” [1][4] para presidir ao grupo
de trabalho que está a escrever uma proposta de CEDN – dando expressão aos
desejos iberistas da segunda metade do século XIX, defendidos por aquela
obediência maçónica?
Está à espera que o
herdeiro do trono dos Bourbons seja coroado como Filipe VI, para se tornar o
Cristóvão de Moura II?
Ou limitou-se a mandar
barro à parede como, aparentemente, fez o seu colega António Von Goldman Sachs
Borges, com a RTP?
Não lhe chegou ter a
“Guardia Civil”, armada, em Lisboa, quando um “distraído” qualquer permitiu que
a “Vuelta” a Espanha em bicicleta tivesse início na nossa capital? Ou, já este
ano, policias espanhóis terem patrulhado as imediações dos Jerónimos (e outros
locais), com a desculpa de prestarem “ajuda” aos turistas que falam castelhano?
Quer ter o obséquio de
explicar o que entende por “maiores laços estratégicos” e "edificar
capacidades militares conjuntas”?
Vê alguma ameaça no horizonte
que nos afecte em conjunto?[1][5]
Algo parecido com o Salado ou o Pacto ibérico de 1939, por
ex.? E já reparou que em ambos os casos foram as FAs de ambos os países que se
juntaram, em igualdade de termos, para repelirem uma ameaça comum?
Já falou com eles?
Que “maiores laços
estratégicos comuns” vislumbra, para além daqueles que já temos a nível da NATO
e da UE? Será que vai querer ajudar os espanhóis a reaverem Gibraltar e
continuar a esquecer Olivença?
Que “capacidades
militares conjuntas”? Vai pedir à Armada Espanhola (que sempre teve esse
objectivo desde Afonso H.), para ajudar a patrulhar o Mar Português, que os
senhores da política miseravelmente abandonaram desde 1976? Ou será só o Espaço
Aéreo, agora que, recentemente, “eles” nos acusaram de sermos uma superpotência
em termos de gestão desse espaço?
Quer vender os
estaleiros de Viana do Castelo ao vizinho do lado, para lhes reforçar a sua
poderosa indústria naval (que constrói porta - aviões!) em vez de os manter em
mãos portuguesas, pois são estratégicos?
Vai fechar o Campo de
Tiro de Alcochete para ficarmos sem um único local para ensaios de armamento e
obrigar a Força Aérea a ir fazer tiro Ar-Chão a Espanha?
Vai querer integrar uma
das nossas pobres brigadas do Exército na “Divisão Brunete”?
Pensa, por outro lado,
que os espanhóis - apesar da Espanha se estar a partir toda e irem ficar pior
que nós - vão encerrar a sua escola de pilotagem para virem formar os seus
pilotos em Sintra? Acredita nisso?
Os senhores do governo
entretêm-se, há mais de 20 anos, a destruir ou a reduzir à ínfima espécie todas
as capacidades das FAs – com o silêncio, maioritariamente, não concordante, mas
conivente, das chefias das FAs - e agora o senhor queixa-se que “não vamos ter
força para ser actores de segurança”?
O senhor ainda não percebeu
que as FAs são o principal símbolo e bastião da Soberania, sem o que tudo o
mais se desmorona?
Ou será que também é
partidário das ideias dessas “máfias” internacionalistas que querem destruir as
nações europeias para fazerem uma amálgama não se sabe bem de quê e para quê?
Foram essas as
instruções que os seus colegas Moreira da Silva e Luís Amado trouxeram da
última reunião, do Grupo de Bilderberg, na Virgínia?[1][6]
Irem-se federando…?
Por tudo isto esta
discussão sobre o novo CEDN não faz sentido nenhum, pois esse conceito, de
nacional não tem nada! O “conceito” não é para nós, é para outros… O senhor é
apenas um dos ingénuos úteis ou é mesmo iniciado na coisa?
Esta discussão pública a
que o senhor deu agora início só serve para “épater le bourgeois” e para tentar
justificar mais umas facadas na Lei de Programação Militar, no dispositivo,
sistemas de forças e efectivos (mantendo todas as missões, é claro). Será que
também vai submeter o novo texto aos “troikanos”?
Serve, porém, outrossim
para lhe dar alguma visibilidade que agora ganhou, com essas tiradas de mágico,
arriscando-se mesmo a que na próxima universidade de verão dos “laranjinhas”, o
elevem aos píncaros da Estratégia, por ter superado Aníbal, em Canas;
Alexandre, em Gaugamela e, quiçá, Leónidas, nas Termópilas!
Sabe como conseguia
poupar tanto esforço inútil e prestar um bom serviço ao país? Eu digo-lhe:
bastava reduzir o CEDN a dois parágrafos;
1º Colocar portugueses
competentes (isto é que soubessem
algo de governação), probos (ou seja, não estivessem lá para tratar de
negócios) e patriotas (quer dizer, não enfeudados a “maçonarias” de poder,
internacionalista), no Parlamento, no Governo e na PR;
2º Expulsar a “Troika” (no sentido em que é
necessário reganhar a soberania plena).
Tudo o que se escrever
no CEDN para além disto é despiciendo.
Como fazer isto? Bom,
isso não é para se andar a discutir na praça pública.
Apenas se explica o que
for de implementar. A verdadeira estratégia – pois que trata de oposição entre
unidades políticas – tem sempre uma parte classificada (segredo)…
Se o mandaram atirar
barro á parede para verem a reacção, foi uma aposta ganha: conseguiram.
Portugal desaparecer não
é opção. Fica avisado.
[1][1] Ver notícia do “Expresso on-line”, do
mesmo dia, da jornalista Luísa Meireles, e não desmentida.
[1][2] Estou a falar seriamente: se eu para
pilotar aviões tenho que fazer um exame médico semestral (e outros), por
maioria de razão o deve fazer quem “pilota” a nave chamada Portugal!
[1][3] Afirmação que serviu de base para um
grupo de cidadãos apresentar queixa na PGR, por crime de traição à Pátria
(Art.º 308 do Código Penal)
[1][4] Grande Oriente Lusitano
[1][5] Talvez a imigração islâmica, coisa
que, por enquanto ainda faz parte das atribuições do MAI e o senhor não se
atreve a falar?
[1][6] Chantilly, entre 31 de Maio e 3 de
Junho.
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